quarta-feira, 19 de setembro de 2012

UM RIO SE REBELANDO EM PRIMAVERA TEM NOME E SOBRENOME: MARCELO FREIXO


Esse artigo de Daniel Aarão Reis revela a potencialidade política do Rio de Janeiro e o que ficou sufocado na política brasileira, sobretudo com os desvios tomados pelo partido dos trabalhadores, PT. O Rio de Janeiro está revivendo e despertando para o que já foi dos seus melhores momentos de participação política e vocação a "tambor do Brasil".

Para quem não conseguir abrir o link, https://conteudoclippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2012/9/18/o-rio-rebelde 

aqui vai a íntegra - O Rio rebelde
Autor(es): Daniel Aarão Reis
O Globo - 18/09/2012

Sobre a educação, o diagnóstico é preciso: "As escolas públicas estão sem alma." Educação séria, em qualquer lugar do mundo, requer horário integral e professores bem pagos, excluída a famigerada "terceirização", que destrói os vínculos entre os funcionários e os serviços. Em cada escola, autonomia pedagógica, observados parâmetros democraticamente construídos.

A saúde pública também deve basear-se em médicos, enfermeiros e auxiliares concursados, estáveis e decentemente remunerados, encerrando-se a experiência das Organizações de Saúde/OS, uma privatização mascarada, baseada na anarquia salarial e na falta de compromisso dos profissionais com os centros de saúde e os hospitais: "Vamos fazer concurso público, até porque o dinheiro que banca as OS é público e muito." Quanto à habitação popular, critérios rigorosos na efetivação das chamadas "remoções": "A política atual é irresponsável." Em questão, uma "concepção de cidade". O que se quer? Entregar a cidade aos negócios ou às pessoas? Dá para combinar os dois? Dá, mas numa "cidade de direitos". Freixo cita exemplos concretos: "Em Londres, por lei, metade das moradias da Vila Olímpica foi destinada à população de baixa renda. A Vila dos Jogos Pan-Americanos na Barra foi toda jogada para o mercado imobiliário."

Na área dos transportes públicos, "enfrentar o poder das empresas de ônibus, reunidas na Federação dos Transportes (FETRANSPOR)." Os consórcios funcionam como um cartel, impondo tarifas escorchantes, recusando-se a aceitar o bilhete único, praticado, há anos, nas grandes capitais do mundo. Em jogo, o "modelo rodoviário". O atual tem custo alto, polui e inferniza a vida das pessoas. Por que não viabilizar o transporte sobre trilhos? As vans assumiriam uma vocação "complementar", organizando-se licitações individuais, para neutralizar o poder das milícias.

Finalmente, em relação à segurança, é falso dizer que se trata de matéria exclusiva do estado. As milícias fundamentam seu poder em atividades econômicas que se efetuam em territórios determinados. Ora, tais atividades e territórios são - ou deveriam ser - regulados pela autoridade municipal. Haveria um largo campo a ser aí explorado, sempre em parceria com os governos estadual e federal, sem nenhuma conciliação com as milícias.

Selecionei cinco questões essenciais. É clara, em todas elas, a vontade de mudança, respeitando-se os valores democráticos. A marca rebelde contra o marasmo, um sistema exaurido que se repete e se rotiniza à custa das grandes maiorias.

Mas os sinais de rebeldia aparecem principalmente na mobilização e no incentivo à auto-organização das gentes. A recuperação da militância gratuita e espontânea, motivada por valores - políticos e éticos. Cada reunião é um comício. Cada comício surpreende pela afluência das pessoas. Renasce o melhor da tradição democrática brasileira, viva e promissora, em especial na primeira metade dos anos 1980, com destaque para a participação de artistas, meio sumidos nos últimos anos dos embates políticos. Pois eles estão de volta, generosos e solidários. Não seria esta uma indicação de tendências profundas? A sintonia fina entre artista e sociedade?

O exercício de cidadania não vai morrer após a campanha eleitoral. O candidato propõe - "eixo central da sua política" - a construção de Conselhos de Políticas Públicas e a reanimação das associações de bairros, destinados, em conjunto com os vereadores, a formular e a controlar a aplicação das políticas e das leis, viabilizando uma "outra concepção de governo", distinta do atual troca-troca de favores por votos, onde quase sempre se encobrem interesses escusos. O Rio tem tradição rebelde.

Em 1968, houve aqui o movimento estudantil mais atuante, e as maiores passeatas contra a ditadura. Na segunda metade dos anos 1970, a luta pela anistia - ampla, geral e irrestrita. Nas primeiras eleições livres para governadores, em 1982, a vitória de Leonel Brizola - "Brizola na cabeça" - representou desafio à ordem vigente. Ao longo da campanha das Diretas-já, o povo nas ruas contribuiu para consolidar o processo de transição democrática. Na sequência, Fernando Gabeira quase foi eleito prefeito da cidade contra ampla coligação de interesses conservadores. Em 1989, nas primeiras eleições diretas para presidente, outros comícios - imensos - por Lula e Brizola. A partir dos anos 1990, porém, no quadro da "administração das coisas", as eleições perderam encanto, cada vez mais dominadas pelo dinheiro e pelo marketeiros.

Não terá chegado a hora de mais uma virada? Retomando tradições críticas que existem no tempo longo, enraizadas na cidade?

É verdade que outra candidatura fala de si mesma como "um rio". Pode ser um rio qualquer. Mas o Rio rebelde, nas eleições de outubro, além de um programa, tem nome e sobrenome: Marcelo Freixo.


sexta-feira, 14 de setembro de 2012

PROTESTO CONTRA NOVA CHACINA NA BAIXADA!!!

DIOCESE DE NOVA IGUAÇU REPUDIA CHACINAS DE MESQUITA E JAPERI E CONVIDA TODA A SOCIEDADE À CAMINHADA E CELEBRAÇÃO ECUMENICA PELA PAZ E CONTRA A VIOLENCIA.
A Diocese de Nova Iguaçu quer, por intermédio dessa carta, solidarizar-se com as famílias dos jovens assassinados nas duas chacinas ocorridas nos Municípios de Mesquita e Japeri, nos dia 8 e 9 de setembro, e repudiar fortemente mais esses atentados contra a vida dos jovens da Baixada Fluminense.

As medidas que o Estado vem adotando para combater a violência têm sido insuficientes, pois a problemática extrapola a questão da Segurança Pública, já que esta deve vir acompanhada de políticas sociais que beneficiem com especial atenção as áreas carentes de nossos Municípios.

As diversas manifestações de violência que atropelam a dignidade da nossa população demandam políticas públicas eficazes que contemplem o desenvolvimento integral da população e ofereçam oportunidades de superação sociocultural aos jovens das áreas populares dos Municípios da Baixada. Nossa população não aguenta mais continuar sendo vítima de atos de violência com requinte de crueldade por grupos de criminosos que apostam na impunidade e que se acham donos do destino das pessoas. E se pergunta, até quando vamos nos reunir para chorar as vítimas da violência na Baixada? Como Diocese, reafirmamos nosso compromisso em favor da vida e da juventude que só quer viver com dignidade. Inspirados no princípio da paz com justiça, conforme os ensinamentos de Jesus e da Igreja, assumimos o desafio de colaborar com todos os esforços e iniciativas a favor da construção de uma cultura de paz e de respeito à vida. Renovamos o compromisso com a dignidade humana e fortalecemos a esperança em uma sociedade mais fraterna e sem ódio onde todos tenham garantido o direito às mesmas oportunidades e a uma vida com dignidade. Demandamos das autoridades competentes políticas de Estado que contemplem igualmente todos os Municípios do Estado do Rio de Janeiro, e a aplicação da justiça e a punição dos responsáveis desses crimes hediondos que atentam contra a vida de toda a população.

Nesse momento de revolta e dor, a Diocese de Nova Iguaçu convida as igrejas e todas as forças vivas da sociedade civil com suas autoridades a manifestarem nossa solidariedade às famílias dos jovens assassinados, e a repudiarem fortemente mais este ato de covardia, participando da CAMINHADA PELA PAZ com o lema: “Os Jovens querem viver”!

Dia: domingo 16 de setembro de 2012-09-12
Horário: 15:00
Local: Concentração na Praça Senhor Canário, rua Salgado Filho, Olinda, de onde partirá a caminhada pela rua Salgado Filho até Gericinó, onde haverá uma celebração ecumênica.

Separados somos fracos, mas unidos nos tornamos fortes. É por meio da fé no Deus da Vida e da nossa união que poderemos alcançar dias melhores de Justiça, Paz e Fraternidade em nossa Baixada.
Dom Luciano Bergamin, Conselho Presbiteral, Comissão de Fé e Caridade e profissionais da UFRRJ e UFF.